Réus pedem anulação de delação premiada da Operação Lava Jato no RJ

Foto: Reprodução
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Advogados de defesa dos empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita, presos na Operação Fatura Exposta, da Lava Jato, pediram a anulação da delação premiada do ex-subsecretário de Saúde do Rio de Janeiro César Romero. As defesas alegam que uma perícia feita pela Polícia Federal no telefone do delator mostrou que ele mentiu durante o depoimento e quebrou o acordo com o Ministério Público Federal. A delação de Romero envolveu políticos e empresários nos desvios da saúde, em um processo envolve o ex-governador Sérgio Cabral. Realizada em abril de 2017, a Operação Fatura Exposta desvendou um esquema de corrupção na Secretaria Estadual de Saúde. Iskin e Estellita, sócios de uma fornecedora de materiais hospitalares para a Secretaria Estadual de Saúde, foram presos na ocasião. Além deles, também foi preso na operação o ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes. A investigação teve como base a delação premiada de César Romero, subordinado a Sérgio Côrtes quando este chefiava a secretaria. Romero contou detalhes sobre a cobrança e a divisão da propina paga pelos empresários em troca de contratos com a Secretaria Estadual de Saúde e o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Mas, segundo a defesa de Iskin e de Estellita, César Romero mentiu aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato ao não falar da participação da ex-esposa dele no recebimento da propina que era destinada a ele.

Para advogados, delator mentiu sobre envolvimento da mulher

Os advogados usaram como prova uma troca de mensagens entre César Romero e o filho dele, encontrada pela Polícia Federal no celular do ex-subsecretário. A PF periciou o aparelho, e a troca de mensagens foi juntada ao processo. Na conversa periciada, o delator entra em uma discussão com o filho sobre a mãe dele. O filho diz que o pai submeteu a mãe a “traição”, “abandono” e “agressão”. César Romero, então, afirma: “Que agressão, aquela que armou com o advogado dela e perdeu a ação??? Você acha que sua mãe é uma santa… Ela que recebia o dinheiro pra mim”. Em depoimento no dia 31 de maio deste ano à Justiça Federal, César Romero negou que sua ex-esposa soubesse do recebimento de propinas. E que tivesse mencionado, por mensagem, a participação dela nos atos ilícitos.

O advogado então lhe perguntou se Romero havia mencionado em alguma mensagem que a ex-mulher buscava valores para ele. O ex-subsecretário nega. Com base na troca de mensagens com o filho pelo celular e no que César Romero disse em juízo, a defesa de Miguel Iskin e de Gustavo Estellita afirma à Justiça que “César Romero omitiu a participação de sua ex-esposa em seus delitos […], o que significa quebra do acordo de colaboração premiada”. Na petição, o advogado pede que o caso volte para o Ministério Público Federal analisar a possível violação da delação premiada. E que o acordo seja anulado.

MPF diz que provas continuam válidas

Em nota, o Ministério Público Federal afirmou que “os fatos trazidos pela defesa de Miguel Iskin e Gustavo Estellita não afastam as acusações de corrupção narradas na ação penal em referência”. (G1)

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