Rússia não vê chances de negociação com Kiev e acusa Biden de realizar ‘guerra indireta’

Visita de Zelenksy aos EUA irritou o Kremlin que declarou que nem o líder norte-americano e nem o ucraniano estão dispostos a ouvir as preocupações dos russos para um cessar-fogo

Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

As 12 horas que Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, ficou nos Estados Unidos na quarta-feira, 21, – primeira viagem internacional desde que a guerra contra a Rússia começou – repercutiu negativamente em Moscou, que afirmou não ver chances de negociação de paz com Kiev após essa viagem. Em uma ligação com repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o fornecimento contínuo de armas ocidentais à Ucrânia levaria a um “aprofundamento” do conflito. “O fornecimento de armas continua e a gama de armas fornecidas está se expandindo. Tudo isso, é claro, leva a um agravamento do conflito. Isso não é um bom presságio para a Ucrânia”, disse Peskov, acrescentando que o encontro de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e Zelenksy mostrou “com pesar, que nem o presidente Biden nem o presidente Zelensky disseram nada que pudesse ser visto como uma possível disposição de ouvir as preocupações da Rússia”. O Kremlin também acusou Washington de estar realizando “uma guerra indireta” contra a Rússia na Ucrânia.

Peskov ainda declarou que nesta visita não houve “verdadeiros apelos à paz”, ou “advertências” dos Estados Unidos a Zelensky contra “o bombardeio contínuo de prédios residenciais em áreas populosas do Donbass”. Essa região do leste da Ucrânia é parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia e, com frequência, bombardeada pelas forças ucranianas. “Isso mostra que os Estados Unidos continuam em sua linha de guerra, de fato e indireta, com a Rússia”, acrescentou. Em sua primeira viagem internacional desde o início da invasão, Zelensky foi tratado como um herói nos EUA, onde, além de realizar uma reunião com Biden, fez um discurso aplaudido perante o Congresso. O chefe de Estado ucraniano também recebeu a promessa de um enorme pacote de ajuda de quase US$ 45 bilhões e novas entregas de armas que incluirão, pela primeira vez, o sistema de defesa aérea Patriot.

sistema patriot

A ida de Zelensky a Washington aconteceu em um momento em que a Rússia tem sofrido reveses na guerra e que Vladimir Putin, presidente russo, declarou pela primeira vez que suas tropas enfrentam dificuldade no conflito. Enquanto eles tem tido perdas, o Exército ucraniano tem reconquistado territórios e agora recebeu um sistema de defesa aérea, algo que era pedido aos aliados desde o começo do conflito. Com a chegada do inverno, a Rússia usa a estação como arma de guerra e está destruindo infraestruturas básicas, que deixam milhões sem eletricidade e energia em meio as baixas temperaturas. Esses apagões afetaram Kiev, onde a situação energética permanece “difícil” nesta quinta-feira, 22, segundo o chefe da administração militar da capital, Serguei Popko. O sistema Patriot dos EUA deve fortalecer “significativamente” a defesa contra esse tipo de ataque, disse Zelensky.

*Com informações da AFP e Reuters

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