O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), divulgado nesta semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou que o brasileiro tem motivos que vão além da saúde para abusar da salada de alface e tomate em suas próximas refeições.
Na cidade de São Paulo, uma das sete analisadas na pesquisa, o preço do tomate, que já vinha caindo nas últimas semanas, despencou 12,27% entre os dias 22 e 31 de julho. O alface ficou 5,52% mais em conta. No mesmo período, a inflação na capital paulista ficou em 0,41% — nos últimos dozes meses, a alta é de 4,28%.
O coordenador do IPC do FGV IBRE, André Braz, explica que as duas culturas se adaptam bem a climas mais secos e permitem que os produtores de todo o país consigam controlar a quantidade e a qualidade dos produtos nesse meio de ano. “Por isso a oferta é grande e o preço tende a cair no Brasil inteiro”, diz.
“Alface e tomate você sempre encontra, mas eles também têm momentos ruins quando vai se aproximando o verão: as folhas ficam mais feias e os frutos perdem a qualidade”, conta Braz. “E o preço sobe”, acrescenta.
O contrário ocorre com itens como o mamão papaia e a cebola, que precisam das chuvas para garantir boas safras. “Nessa fase do ano tradicionalmente esses itens têm preços altos”, afirma. Em São Paulo, a fruta ficou 50,33% mais cara nos mercados e feiras livres entre 22 e 31 de julho. O legume teve variação para cima de 30,71%.
Com mudanças nos números, os ingredientes tiveram altas e baixas semelhantes nas sete cidades. Além de São Paulo, são pesquisadas Salvador (BA), Recife (PE), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS).
Na região Nordeste, por exemplo, o tomate caiu 12,67% em Salvador e 8,48% no Recife. A cebola foi a vilã comum às duas capitais, com elevações de 44,76% e 42,43%, respectivamente.
O pesquisador explica também que o item habitação pesou no índice por causa da bandeira amarela que em julho deixou caras as contas de luz nas sete cidades. “Em São Paulo houve efeito duplo, com a bandeira e o aumento da Eletropaulo, anunciado no início do mês.” Os moradores da capital paulista viram a inflação nesse segmento crescer sensivelmente: 1,59% em 9 dias.
Futuro
Para André Braz, a inflação nacional deve se manter num patamar baixo até ao menos o fim deste ano. “Os preços estão bem comportados e não há sinais de mudança. Esse não deve ser o problema para o Brasil iniciar a retomada da economia.”
Ele acredita que a economia vai se reerguer, mas não de uma hora para a outra. ‘Mudanças como corte de juros têm efeitos a médio e longo prazo, bem aos poucos a produção e o consumo começam a aquecer”, explica.
O resgate anunciado pelo governo federal nas contas do FGTS, em sua opinião, não devem ter grande impacto no mercado. E, consequentemente, na inflação. “Acredito que a maior parte desse dinheiro vai ser usado para pagar dívidas”, finaliza Braz. (R7)