Se um meteorito bater na Lua, ela pode cair na Terra igual uma bola de sinuca?

 CHRISTOPH BURGSTEDT/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Sanja Baljkas/Getty Imagens

Não. Para que um objeto faça algo a mais do que crateras na Lua, ele precisaria ter massa semelhante à do satélite (ou maior) – ou seja, um pouco mais do que 1% da massa terrestre, pelo menos.

Combine a massa de todos os milhões de asteroides presentes no cinturão entre Marte e Júpiter – você não chegaria à quantidade necessária. Nem Ceres, o planeta anão que está no cinturão, teria tamanho insuficiente para causar problemas: ele tem pouco mais que 30% da massa do satélite.

Há bilhões de anos, havia muito mais objetos rochosos vagando pelo Sistema Solar – e, portanto, era mais comum que grandes colisões acontecessem. Os astrônomos acreditam que a própria Lua surgiu de um evento assim, há cerca de 4,5 bilhões de anos, após um impacto maciço entre a Terra e um protoplaneta menor, chamado Theia. Com o passar do tempo, a maioria desses objetos se incorporaram aos planetas.

Nosso satélite está protegido não apenas pela inexistência de objetos próximos capazes de provocar colisões catastróficas, mas também por forças gravitacionais. Em geral, colisões de asteroides com a Lua são muito menos prováveis do que colisões com a Terra, por exemplo, porque nosso planeta protege o satélite – é um alvo maior, com mais força gravitacional, que atrai objetos para si.

Então, rochas espaciais rebeldes teriam que se desvencilhar de forças gravitacionais maiores do que a da Lua para atingi-la – ou aparecer na nossa vizinhança, em primeiro lugar. Um objeto vindo dos confins do Sistema Solar, por exemplo, teria que escapar do alvo gigante que é Júpiter; um invasor de outro canto da galáxia teria que passar pela força gravitacional do próprio Sol. Tarefa difícil.

Se acontecesse, o impacto de um grande objeto com a Lua faria um estrago enorme na superfície dela, em vez de alterar sua órbita. Ele até poderia destruir o satélite, e o resultado seria material lunar caindo aos montes por aqui – não como uma bola de sinuca de dimensões astronômicas, mas como uma chuva de rochas extraterrestres.

Fontes: Enos Picazzio, professor doutor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP); Nasa.

Informações: Superinteressante / Luísa Costa

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