Sobre seu trabalho na TV Bahia, Ishmael garante: “meu papel é procurar questionar, o que não posso é mentir, corromper fatos, deturpar informações”

Ricardo Ishmael, apresentador do jornalismo da TV Bahia / Imagem: Voz da Bahia

Há 12 anos os baianos recebem pela manhã o simpático bom dia do jornalista Ricardo Ishmael. O Voz da Bahia em sua live desta quarta-feira (03), o entrevistou para contar um pouco da sua carreira que é também literária. O apresentador está desde 2010 à frente do “Jornal da Manhã”, na TV Bahia e acredita que a pandemia do Coronavírus tem sido uma das maiores dificuldades da profissão no dia-a-dia da informação.

JORNAL DA MANHÃ:

Através do programa Meio-Dia e Meia do Voz da Bahia, Ricardo pontuou sobre os segredos de um bom jornalista, “sucesso é algo que a gente não mede, eu diria que o fato do jornal ser visto e eu estar tanto tempo a frente do jornal da manhã, tem a ver com fazer um jornalismo cada vez mais perto das pessoas, de uma forma direta, humana, conversada e dialogada. Não existe segredo, a relação com o público, olho no olho, sem tantas coisas mediando essa conversa, acho que isso é o sucesso. Elas querem que você conte histórias, relate os fatos de forma tranquila e sem muita parafernália, pirotecnia. Acho que isso explica porque o jornal é líder, duas horas e trinta minutos no ar todos os dias, tenho o prazer de estar orquestrando esse jornal querido dos baianos”, falou.

MAIOR DIFICULDADE?

Segundo Ricardo, atualmente a pandemia do coronavírus tem sido uma das maiores dificuldades para um jornalista, “o mais difícil agora é a própria pandemia, ela se impõe em nossas vidas de uma forma muito dura. A cada dia acordar motivado e levar uma mensagem positiva às pessoas em meio de tantas ruins. Encontrar um motivador, algo que estimule e que não deprima as pessoas e que não faça com que elas queiram desligar a televisão. É um exercício complicado, pois estamos mergulhados em notícias ruins, de mortes, expectativas por vacina, regulação de pacientes, um universo muito doloroso para quem vive evidentemente e para quem recebe esse conteúdo. Em meio a todo esse caos, levar uma mensagem positiva”, disse.

VERDADE:

Recentemente as pessoas tem visto como a imprensa tem sido atacada por pessoas que não aceitam o que está sendo divulgado, se tornou comum ver o seguimento jornalista até sendo impedido de fazer seu trabalho. Sobre o assunto, Ishmael afirmou que seu trabalho como jornalista é divulgar a verdade, “eu não acho que exista pergunta difícil, toda pergunta é pertinente. Eu não falo em nome da TV Globo, eu não falo em nome da Rede Bahia, eu não tenho procuração para tal e nem quero ter. As emissoras tem seus representantes legais para isto. Eu falo enquanto jornalista e comunicador, um cara que faz televisão há 20 anos. Eu falo como um cara formado e preparado para isto, que entende que sua função social é ter uma relação com a verdade e com o público. Eu não estaria à frente de um telejornal campeão de audiência se não houvesse essa confiabilidade. Partindo dessa ideia, eu não faço nada além do que é informar, eu não trabalho com nada que não seja a verdade, ainda que a verdade seja questionada e alguns grupos questionem os números por interesses X ou Y, ou um grupo grande de pessoas não reconheça o drama que a gente vive, eu continuo perseverando no caminho da verdade, da informação correta e responsável, que ajuda a salvar vidas. Nos pautamos pelos dados da ciência. A gente houve governos, especialistas, procura, checa, confronta os fatos e só então transmitimos os dados as pessoas. Eu, em momento algum fui obrigado, compelido ou impelido a dar um dado que não seja real, eu preciso dormir a noite ciente de que fiz meu papel, ainda que venha desagradar a muitos. Não existe isso de que a gente manipula os dados. Existem governos que não querem dizer, o não a essa exposição, a gente entende, mas meu papel é procurar questionar. O que eu não posso é mentir, corromper fatos, deturpar informações, eu estaria indo de encontro aquilo para qual eu me preparei”, garantiu.

AUMENTO DOS CASOS DA COVID-19:

Sobre o aumento dos casos de coronavírus em toda a Bahia, Ishmael afirmou que a realidade está aí para quem quer ver, “basta querer enxergar a realidade. Os leitos estão superlotados, os corredores repletos de pacientes, o serviço público não consegue abrir mais leitos ainda que tente, existe um limite para isso. Em que pese tudo isso, a gente tem visto que as pessoas continuam se aglomerando, continuam indo para as ruas, saindo sem máscaras, saindo para festas. A realidade está aí e fala por si só. Eu também não acho que devíamos colocar o comercio como o vilão. O fato objetivo é que precisamos reduzir os números. Cada governo lança mão das estratégias que entende que seriam as melhores. O entendimento precisa passar pela discussão que envolva a todos, não atribuindo a um ou outro a perda de empregos, fechamento dos postos de trabalho, demissão de massas de trabalhadores. Em resumo, não podemos colocar dessa maneira, mas não podemos fingir que a situação está sob controle, porque ela não está. A discussão precisa existir, o transporte público está lotado, festas em laje como se nada estivesse acontecendo”, expôs.

HUMOR NAS REDES SOCIAIS:

Sobre suas redes sociais, o apresentador descreve que costuma ser bem descontraído tentando quebrar um pouco do lado sério da transmissão de uma notícia, “eu sou um cara muito sério, às pessoas até acham que no vídeo eu sou muito sério, pela forma que eu lido com a notícia, pelo meu compromisso, por entender o meu papel ali diante de uma bancada, eu tenho a convicção de que eu estou falando para Bahia inteira, preciso ter uma postura, diante das câmaras, né? Mas eu também entendo que a gente precisa e aqui é um exercício humano do meu dia-a-dia, que a gente precisa de ‘desemportar’ um pouco, sabe? A gente precisa tirar um pouco daquele peso, daquele paletó, respirar mais, um pouco aliviado, por que notícia muito formal, transmitida de uma forma muito séria, muito sisuda isso cansa às pessoas, né? Então se não posso fazer brincadeira diante das câmaras, eu faço nos bastidores, no Instagram, eu brinco com Thaic Carvalho, que é uma ‘parceiraça’, ali do dia-a-dia, que embarca em minhas brincadeiras. Já virei alguns memes, tem aí rodando nas redes sociais, acho isso um barato, por que aquilo que eu disse, a gente precisa se ‘desemportar’. As vezes o jornalista se veste de uma capa de seriedade, se auto coloca como alguém com um certo poder, sabe? E eu acho que sou um cara que ser como às pessoas, reconhecido pela minha humanidade, por conversar com todas às pessoas, por não ter diferença, por tá num lugar, numa padaria, parar para conversar com seu Zé, com dona Maria. Eu acho que é isso que eu sou, esse ser humano, humano, esse cara de carne e osso, que erra, que acerta, mais que persevera no acerto, que tem fé e que acredita em dias melhores. Eu acho que tento usar minhas redes sociais como uma forma de expressar um pouco o que diante das câmaras eu nem sempre posso”, contou.

VEIA LITERÁRIA:

Em sua veia literária, o apresentador foi questionado pelo Voz da Bahia sobre o que trata o livro: “Eu, Darlene, sentada no chão à espera da morte”, Ishmael relata que está se encaixando neste campo da escrita, “gosto muito de escrever, e agente já teve junto aí no Voz da Bahia, falando inclusive dos meus projetos e tal… esse projeto deste livro “Eu, Darlene, sentada no chão à espera da morte”, o título já mudou, eu mudei de editora, estou com a editora Amor Jubá, agora e a gente fez uma adaptação do título que agora se chama “Um Canto de Amor para Darlene”. Fala da história de uma travesti que é assassinada, inspirada em fatos reais, eu gosto de histórias que partem de episódios da vida real e aí eu desenvolvo a ficção, eu gosto muito de partir deste ponto. E Darlene é uma história de fato de uma travesti que se chamava Dandara e que foi brutalmente assassinada no Ceará e aí eu fiquei imaginando sobre a vida o que teria acontecido, os caminhos que essa pessoa percorreu em sua vida curta, o teria levado, o teria provocado aquele assassinato? E aí eu criei a Darlene essa personagem travesti, e ela tem um encontro na vida com uma grande cantora de sucesso, essa parte é ficção, tá gente! E aí ela sobe no palco, o sonho dele era ser uma grande cantora e ela tem uma oportunidade na vida e aí vem a violência e a mata. A história de uma pessoa, de um ser humano que sonha, que tem desejos, mais que, de repente tem a vida interrompida pela violência. Esse é o pano de fundo da história”, assegurou.

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Reportagem: Voz da Bahia

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