A pugilista Jucielen Romeu, medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos, foi censurada quando se prontificou a falar sobre racismo e empoderamento feminino, segundo reportagem do portal UOL.
De acordo com a publicação, o veto partiu do treinador-chefe da seleção brasileira, Mateus Alves, assim que a reportagem do site citou a vontade de conversar com ela sobre o tema e a lutadora assentiu que sim com a cabeça. Juci, como é conhecida no meio do boxe, é terceiro sargento do Exército Brasileiro.
“Ela não pode falar disso. Está proibida. A seleção não é lugar para falar dessas coisas. Ela não pode falar desse tipo de coisa. Não pode falar de política”, disse ele ao UOL, colocando-se à frente da atleta na zona mista do Coliseo Miguel Grau em Callao, cidade vizinha a Lima, no Peru.
Conforme a reportagem, Jucielen costuma se posicionar sobre temas como feminino e racismo. Ela começou a lutar aos 12 anos na academia Macedo & Macedos Boxe, em Rio Claro (SP), instruída pelo técnico Breno Macedo.
Breno é formado na escola italiana de boxe, essencialmente antifascista, que entende a nobre arte como um direito social e plataforma de cultivo de valores como o antirracismo, antifascismo e o combate à discriminação. Mulher, negra, e crescida na periferia, Jucielen foi formada dentro dessa escola.
Desde 2017, porém, ela faz parte da seleção olímpica permanente, um polêmico projeto da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) que tira os melhores atletas do país (normalmente um por categoria) e os colocara para morar e treinar em São Paulo sob o comando de uma comissão técnica também permanente. Foi contra esse projeto que a medalhista olímpica Adriana Silva se posicionou após o bronze em Londres-2012.
“Ela é da seleção, não é do clube”, reforçou o técnico da seleção quando a reportagem tentou entrevistar Jucielen. Depois, por Whatsapp, quando o UOL Esporte pediu para Mateus um comentário adicional, ele respondeu que não faria comentários, “apenas apenas para dizer que nos interessa o boxe”.
Procurado, o Comitê Olímpico do Brasil negou que haja censura na delegação. “A única orientação que temos é a carta olímpica. (bahia.ba)