Todos os brasileiros que desejarem serão vacinados neste ano, diz Bolsonaro

Foto: Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que todos os brasileiros “que assim o desejarem” serão vacinados contra a covid-19 até o fim do ano. A declaração, transmitida em rede nacional de rádio e televisão, é feita no mesmo dia em que seu adversário político, o governador João Dória (PSDB), anunciou que pretende vacinar toda a população adulta de São Paulo até 31 de outubro.

“Neste ano, todos os brasileiros que assim o desejarem serão vacinados, vacinas estas que foram aprovadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Ontem assinamos acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a AstraZeneca e a Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz]. Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a covid-19 no mundo”, afirmou o presidente.

Ele também voltou a criticar as medidas restritivas adotadas nos estados e municípios para conter o avanço da pandemia, reforçando que o governo federal “não obrigou ninguém a ficar em casa” e “não tirou o sustento de milhões de trabalhadores”. “Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea”, repetiu.

Bolsonaro ainda fez um resumo das ações do governo federal nos últimos meses, como o pagamento do auxílio emergencial aos mais vulneráveis, os repasses a estados e municípios e os leilões de rodovias e aeroportos, sem especificar quais. Também exaltou o recorde do Ibovespa e a escolha do Brasil para sediar a Copa América a partir de 13 de junho, mesmo em meio ao risco de um novo agravamento da pandemia.

No pronunciamento, Bolsonaro usava a medalha do Pacificador com Palma, uma honraria dada a civis e militares. O presidente a recebeu do então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, por ter impedido que um soldado se afogasse durante uma instrução militar, em 1978.

CPI da Covid reage

Senadores que compõem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid divulgaram uma nota crítica ao pronunciamento de Bolsonaro. Segundo os parlamentares, a celebração pelas vacinas vem com um atraso “fatal e doloroso”, uma vez que a população esperava esse tom em março de 2020 — quando o presidente minimizou a gravidade da doença, classificando-a como “gripezinha”.

“Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do [Instituto] Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira”, lembraram os senadores.

A manifestação é assinada por Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente presidente, vice-presidente e relator da CPI.

Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-PE), Eduardo Braga (MDB-AM), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE) também endossam a nota.

“Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a covid-19. A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais.”

Promessa de Doria

Mais cedo, o governador de São Paulo, João Doria, prometeu que toda a população adulta de São Paulo — isto é, todos os maiores de 18 anos — vai receber ao menos uma dose de vacina contra covid-19 até o fim de outubro.

O calendário completo de imunização foi divulgado durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes. Mas esta é uma previsão, visto que o planejamento depende da distribuição de imunizantes disponíveis no PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde — e já houve atrasos.

O objetivo é garantir a primeira dose para pouco mais da metade dos 35 milhões de paulistas vacináveis (acima de 18 anos). Até agora, de acordo com o PEI (Programa Estadual de Imunização), 17 milhões já tomaram a primeira dose e 6 milhões, a segunda.

Apesar ter um plano estadual, cada entidade da federação está sujeita ao PNI. Por isso, as datas divulgadas hoje pelo governo de São Paulo são estimativas baseadas nas programações de entrega do governo federal. (Uol)

google news