A data 24 de agosto também representa uma dolorosa espera por justiça. Sete anos após o naufrágio da lancha Cavalo Marinho I, que deixou 19 mortos e 59 feridos, as famílias das vítimas e sobreviventes aguardam respostas que parecem cada vez mais inalcançáveis. Desde 2017, as ações indenizatórias vêm se arrastando num ciclo interminável de burocracia e decisões contraditórias. Mesmo após a fase de instrução ser concluída em 2023, uma inesperada decisão judicial transferiu os processos para a Justiça Federal, favorecendo os réus e empurrando o tão esperado julgamento para um futuro incerto.
A Defensoria Pública da Bahia, em uma tentativa de reverter essa decisão, chegou a inserir recursos para manter os casos na Justiça estadual. No entanto, até o momento, a definição final sobre a competência judicial permanece em aberto, deixando as famílias à mercê do sistema. Esse longo caminho de impunidade reflete a morosidade e os entraves burocráticos da Justiça.
Ondas de dor
Para os que sobreviveram, a travessia diária continua sendo uma necessidade inevitável, agora acompanhada de medo, depressão e estresse pós-traumático. Cada dia traz à tona as memórias daquele fatídico 24 de agosto. Adailma Santana Gomes, de 27 anos, foi uma dessas sobreviventes. Profundamente marcada pelos traumas, acabou tirando a própria vida meses após o acidente. Sua família luta para que ela seja reconhecida como a 20ª vítima da tragédia, um reflexo do impacto devastador que o naufrágio teve não apenas no dia, mas nos meses e anos seguintes.
Naquele dia, rotinas foram interrompidas, vidas foram tragicamente abreviadas, e outras foram poupadas por um fio. As perguntas continuam a ecoar: por que a lancha, sem condições adequadas, estava no mar? Como foi permitido que tantas vidas fossem colocadas em risco? Quem deve ser responsabilizado