O presidente do Twitter, Jack Dorsey, afirmou nesta quarta-feira (30) que não vai mais permitir que publicidade política seja veiculada na plataforma.
Segundo Dorsey, a decisão foi motivada porque uma mensagem política ganha alcance quando as pessoas decidem seguir uma conta ou compartilhar conteúdo político. Pagar por esse alcance remove o aspecto de decisão do usuário, forçando as pessoas a ver mensagens políticas direcionadas. Segundo o executivo, essa não é uma decisão que deve ser comprometida pelo dinheiro.
“Publicidade política na internet é um desafio totalmente novo para o discurso cívico: otimização baseada em aprendizado de máquina, micro-direcionamento, informações sem checagem e vídeos falsos. Tudo isso em grande velocidade, sofisticação e escala arrebatadoras”, disse Dorsey em sua conta no Twitter.
O executivo afirmou que, embora a publicidade na internet seja algo muito poderoso e efetivo para os anunciantes, esse poder traz riscos significativos para a política, já que poderia ser usado para influenciar votos e afetar as vidas de milhões de pessoas.
Dorsey afirmou ainda que esses desafios vão afetar toda a comunicação na internet, não apenas as publicidades políticas. “É melhor focar nos problemas básicos, sem ter que adicionar o fardo que o dinheiro traz.”
A decisão final de como a plataforma irá lidar com isso será divulgada no dia 15 de novembro. Dorsey disse que haverá exceções, como publicidade que incentive as pessoas a se registrar para votar — nos EUA o voto não é obrigatório e um registro prévio é requerido para participar. O fim das publicidades políticas entrará em vigor no dia próximo dia 22.
Facebook tem opinião diferente
No último dia 17 de outubro, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, havia feito um discurso público, defendendo a rede social pela decisão de não retirar anúncios políticos, mesmo que contenham mentiras — o que gerou bastante polêmica nos EUA.
“Nós não checamos os fatos em anúncios políticos. Não fazemos isso para ajudar políticos, mas porque nós acreditamos que as pessoas deveriam ver por elas mesmas o que os políticos estão dizendo”, afirmou Zuckerberg na ocasião.
Em sua publicação, Dorsey demonstrou uma visão diferente da de Zuckerberg, que citou liberdade de expressão de políticos locais e com baixa expressividade como um dos motivos da manutenção desse tipo de publicidade.
“Isso não é sobre liberdade de expressão. É sobre pagar por alcance. E pagar para aumentar o alcance de um discurso político tem ramificações significativas que a estrutura democrática atual pode não estar preparada para lidar. Vale a pena dar um passo atrás”, disse.
Regulação da publicidade política
Dorsey disse ainda que é preciso olhar pra frente para discutir a regulação de publicidades de políticos, o que ele considera algo muito difícil de fazer.
“Transparência em anúncios é progresso, mas não é o bastante”, afirmou. “A internet traz capacidades inteiramente novas, e reguladores precisam pensar no futuro e assegurar um funcionamento justo das regras”.
O executivo disse ainda que sabe que o Twitter é apenas uma parte pequena do ecossistema de publicidade e que já testemunhou muitos movimentos sociais conseguirem grande alcance sem a necessidade de publicidade. (G1/Ba)