O YouTube anunciou mudanças na maneira como divulga publicidade em sua plataforma principal nesta quarta-feira (4). As mudanças serão implementadas para limitar a coleta e o uso de dados relacionados a conteúdo infantil.
“Começando nos próximos quatro meses, nós passaremos a tratar dados de qualquer pessoa vendo conteúdo voltado para crianças no YouTube como se fossem dados de uma criança, independente da idade do usuário”, escreveu Susan Wojcicki, presidente global da plataforma de vídeos, em uma carta no blog oficial do YouTube.
Ainda segundo Wojcicki, o YouTube também “vai parar de direcionar publicidade para esse tipo de conteúdo inteiramente e algumas funcionalidades não estarão mais disponíveis, como comentários e notificações”.
A partir de agora, o único tipo de publicidade que poderá ser exibido em vídeos do YouTube que tenham algum tipo de audiência infantil são publicidades de contexto. Nesse modelo, as propagandas são associadas ao vídeo em que são exibidas, não direcionadas de acordo com o comportamento e outras informações pessoais do usuário que está assistindo — que é o modelo padrão de exibição publicitária.
Na carta, Wojcicki afirma que o conteúdo voltado para audiência infantil será identificado em parceria com os próprios criadores e YouTubers, que a partir de agora devem dizer se produzem algum tipo de vídeo que entra nessa categoria. “Nós também usaremos aprendizado de máquina para encontrar conteúdo que claramente é direcionado para audiências mais jovens, como aqueles que têm ênfase em personagens infantis, brinquedos ou jogos”.
O Google, que é dono do YouTube, concordou em pagar uma multa de US$ 170 milhões por ter coletado dados de menores de idade e ter direcionado publicidade para essas pessoas usando essas informações.
É incerto como a medida de tratamento desses dados deve impactar no faturamento publicitário do YouTube, que não disponibiliza dados oficiais de quanto arrecada com propaganda. O Google, que é uma empresa muito maior, faturou US$ 137 bilhões em 2018.
Crianças e o YouTube
De acordo com o Ato de Proteção Online à Criança (COPPA, na sigla em inglês) — uma lei de proteção à vida privada das crianças na internet — pessoas com menos de 13 anos não devem ter acesso a plataformas como o YouTube, ou a redes sociais, como Instagram ou Facebook. Por esse motivo, essas redes cancelam contas de pessoas com idade menor a essa.
Apesar disso, a plataforma pode ser usada por menores de idade, que tenham entre 13 e 18 anos, razão pela qual 23 organizações de defesa dos direitos digitais e de proteção da infância haviam apresentado a ação que resultou na multa da plataforma.
O YouTube reiterou esse posicionamento na carta publicada nesta quarta e afirma que os pais devem usar o YouTube Kids para crianças menores de 13 anos. “Dezenas de milhões de pessoas usam o YouTube Kids todas as semanas e queremos que os pais estejam mais cientes do aplicativo e de seus benefícios”, disse Wojcicki, que anunciou uma campanha no YouTube principal para conscientizar os pais.
No YouTube Kids, as publicidades são inteiramente no modelo de contextualização, vinculados ao conteúdo exibido e não ao perfil do usuário. Esse modelo é semelhante à publicidade veiculada em canais de conteúdo infantil, por exemplo.
Remoção de conteúdo nocivo
Na terça-feira (3), o Youtube tinha divulgado um balanço com iniciativas de remoção de conteúdo nocivo. O time da plataforma removeu, no segundo trimestre desde mais de 500 milhões de comentários nocivos, além de 100 mil vídeos e mais de 17 mil canais que violavam a política de discurso de ódio.