Para uma escola criar um desfile competitivo nos grupos especiais, é preciso desembolsar, no mínimo, entre R$ 7 milhões e R$ 8 milhões. E não há limites do quanto se pode gastar em uma apresentação.
Há diversas fontes de receita. A bilheteria dos desfiles, para começar, é dividida igualmente entre as escolas (depois de subtraídos os custos da festa). As mais bem classificadas voltam à avenida no
desfile das campeãs – e fazem uma grana extra com os ingressos desse dia.
A TV Globo paga às escolas dos grupos especiais de São Paulo e do Rio de Janeiro pelos direitos de transmissão dos desfiles. Para cada cidade, há um contrato diferente, negociado com as ligas que representam as agremiações.
Na capital paulista, por exemplo, o valor até o ano passado era fixo: cada uma das 14 escolas do grupo especial recebia em torno de R$ 1,4 milhão. A partir de 2023, a parte fixa do pagamento será menor: R$700 mil – mas contará com uma porcentagem das cotas publicitárias (ou seja: dos anunciantes) que a Globo conseguir. O problema é que, até esta sexta (17), a emissora só vendeu uma cota de patrocínio.
Além disso, as prefeituras dão dinheiro às escolas, já que os desfiles fomentam o turismo. Em 2023, cada agremiação do grupo especial do Rio, por exemplo, recebeu R$ 2,1 milhões – um recorde. Em alguns Carnavais, há repasse também dos governos estadual e federal, mas é algo menos comum.
Escolas de grupos de acesso (a segunda divisão do Carnaval) também recebem ajuda – em menor quantidade. É um investimento essencial para manter as engrenagens funcionando: durante a pandemia, quando não houve desfiles, as prefeituras mantiveram o repasse às escolas. Compensa: só no Rio, o Carnaval movimenta R$ 4 bilhões por ano.
E enquanto o feriado não chega? Durante o ano, uma escola de samba pode fazer dinheiro de várias maneiras. Ela pode se apresentar em eventos particulares (e cobrar cachê), vender produtos (roupas, bandeiras, canecas) ou buscar patrocinadores. Nesse último caso, porém, há restrições durante os desfiles: o logo dos anunciantes só pode aparecer nas roupas dos assistentes que ficam em torno dos carros alegóricos, para o caso de esses veículos precisarem ser empurrados na eventualidade de uma pane qualquer.
Dá para fazer uma boa grana também nas festas e eventos dentro das quadras das escolas, como nos ensaios, vendendo ingressos, comidas e bebidas. “As escolas geralmente definem o seu samba-enredo em outubro. Em novembro, já há ensaios semanais”, diz Anderson Baltar, jornalista especializado em Carnaval.
Mas é claro: dinheiro não é sinônimo de qualidade. Mais importante do que tê-lo é saber como usá-lo de modo a deslumbrar o público (e garantir mais 10, notas 10!, na apuração).
Por Rafael Battaglia / Superinteressante