OMS declara mpox como “emergência global”, a primeira desde o Covid-19

É a primeira vez que a organização inclui uma doença neste tipo de alerta desde a pandemia de Covid-19

Pela primeira vez desde a pandemia de COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma Emergência Sanitária Global por outra doença: a mpox.

A mpox, que antes era conhecida como “varíola dos macacos”, já está presente em 13 países, incluindo o Brasil, e também foi considerada uma “emergência de saúde pública” pelo Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África).

Essa emergência já tinha sido declarada em 2022, quando mais de 70 países, onde a doença não era comum, detectaram o vírus. Naquela época, os homens homossexuais e bissexuais foram os mais afetados. No entanto, como a taxa de morte era menor que 1%, o alerta foi retirado em maio de 2023.

Porém, com o aumento dos casos no primeiro semestre de 2024, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chamou uma reunião de emergência na sede da organização, em Genebra.

Segundo ele, no ano passado, os casos cresceram “de forma preocupante”. Só neste ano, mais de 14 mil pessoas foram infectadas, e mais de 500 morreram, superando o total de 2023. O aumento em 2024 foi de 160% em comparação com o ano anterior.

Depois de analisar a situação, os especialistas da OMS sugeriram que o diretor da agência declarasse uma “emergência sanitária de preocupação internacional”. Tedros aceitou a recomendação para coordenar uma resposta internacional e pedir que os governos de todo o mundo estejam preparados para identificar e combater o surto.

A OMS espera que essa declaração ajude a mobilizar recursos internacionais para aumentar a produção de vacinas e entender melhor como a doença é transmitida.

O objetivo é impedir que o surto se espalhe ainda mais. No entanto, isso não significa que estamos diante de uma nova pandemia.

“Está claro que uma resposta coordenada internacional é essencial para interromper esse surto e salvar vidas”, disse Tedros.

A OMS também informou que a mpox está se espalhando em várias partes do mundo. Em junho, foram registrados quase mil novos casos, principalmente na África (567 casos), América (175 casos), Europa (100 casos) e Pacífico Ocidental (81 casos).

O centro do surto é a República Democrática do Congo, onde 96% dos casos de junho foram confirmados. Mas a OMS acredita que o número real de infectados pode ser bem maior, já que muitas pessoas não foram testadas ou diagnosticadas.

Pelo menos quatro novos países na África Oriental, como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, relataram seus primeiros casos de mpox. Já a Costa do Marfim enfrenta um surto de uma variante diferente da doença, enquanto a África do Sul confirmou mais dois casos.

Entre 2022 e 2024, casos de mpox também foram identificados fora da África, como 33 mil nos EUA, 11 mil no Brasil, 8 mil na Espanha e 4,2 mil na França.

O gênero masculino é o mais afetado, representando 96% dos casos. De acordo com a OMS, a forma mais comum de transmissão tem sido o contato sexual. Metade dos casos confirmados foi registrada em pessoas que têm o vírus HIV. Mas a agência insiste que essa não é a única forma de transmissão e alerta para o risco de estigmatização das pessoas afetadas.

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