Advogados entram com ação contra Caixa por caso de racismo

A ação foi acompanhada de um ato simbólico organizado por membros da Educafro Brasil na Bahia, em frente ao edifício-sede da Justiça Federal em Salvador, situado no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

Arquivo pessoal

Trinta e oito advogados assinaram uma ação civil pública contra a Caixa Econômica Federal nesta segunda-feira (31) por danos coletivos contra a comunidade afro-brasileira. A ação diz respeito ao episódio de racismo contra o empresário negro Crispim Terral de Souza, na agência bancária da Avenida Sete de Setembro, no bairro do Dois de Julho, em 2019.

A ação foi acompanhada de um ato simbólico organizado por membros da Educafro Brasil na Bahia, em frente ao edifício-sede da Justiça Federal em Salvador, situado no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

“A ação nós demos entrada pelo meio digital e o ato simbólico foi para dizer não pra esse racismo, e para fazer essa ação de dano coletivo contra a Caixa em uma causa negra”, explicou o advogado Marinho Soares, coordenador da Educafro na Bahia.

Cerca de 20 pessoas compareceram no ato. A Educafro, segundo Marinho, requer uma indenização de R$ 49,5 milhões por parte da Caixa, em razão do episódio de racismo contra o empresário negro Crispim Terral de Souza.

“Chegamos ao valor da indenização analisando as consequências do caso, a capilaridade da empresa, a quantidade de funcionários e o que a empresa tem a capacidade de pagar. O valor será gasto com a causa negra, com políticas antirracistas”, disse Marinho, acrescentando que a quantia irá para o custeio de bolsas de estudos para universidades e contratação percentual de pessoas negros em cargos.

“Se a empresa for muito rica, como é o caso da Caixa Econômica, não é nada. Não podemos pedir um valor irrisório”, disse.

Segundo o grupo, até o momento, não houve condenação alguma aos acusados — inclusive, encontra-se parado o processo movido contra o policial militar responsável por ter dado um ‘mata-leão’ em Crispim. “Absurdamente, não [houve condenação]. Por isso, nós acolhemos esse caso, para chamar a atenção da Justiça da Bahia no mundo inteiro”, explicou Frei David, fundador e diretor-executivo da organização educacional.

Relembre o caso

O empresário Crispim Terral de Souza foi vítima de racismo ao ter sido expulso de uma agência e retirado à força pela Polícia Militar (PM), que atendia um chamado da gerência da unidade, no Relógio de São Pedro, na Avenida Sete de Setembro, em Salvador. A ação, que ocorreu em 19 de fevereiro de 2019, foi toda gravada, e as imagens, divulgadas em uma rede social do empresário. Crispim é proprietário da Farmácia Terral, em Salinas das Margaridas, no Recôncavo baiano.

O homem denunciou que, depois de ter esperado, por mais de quatro horas, para receber um atendimento na agência, o gerente pediu que ele se retirasse. Com a negativa do cliente, o funcionário acionou a PM. Um policial teria atendido a ordem do gerente, que afirma, em vídeo, que “só sai com ele [Crispim] algemado”. A ação foi registrada pela filha da vítima, que acompanhava o pai, e repercutiu em todo o país. (Correios24h)

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