Algemados, o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão Assis chegaram ao Palácio de Justiça de Assunção para uma audiência com a juíza Clara Ruiz Diaz, que determinará se eles continuam presos ou não pelo uso de documentos falsos. Eles deixaram o complexo da Agrupación Especializada da Polícia Nacional do Paraguai na manhã deste sábado, onde passaram a noite em uma cela após solicitação de detenção do Ministério Público.
Enquanto a decisão não sai, o promotor Oscar Legal pediu a manutenção da prisão preventiva dos brasileiros, porque “há risco de fuga e o Brasil não extradita seus cidadãos”. Por outro lado, a defesa alega que o empresário Assis tem um problema no coração e precisa de cuidados médicos (não apresentaram exames ou atestados exigidos pela lei paraguaia) e tenta transformar o caso em prisão domiciliar.
Ronaldinho e Assis foram presos preventivamente na sexta-feira a pedido do MP para impedi-los de deixar o Paraguai (eles haviam comprado passagem de volta para o Brasil para a madrugada deste sábado). Na quinta, o MP havia decidido não abrir processo formal contra eles, mas no dia seguinte o juiz Mirko Valinotti, do Juizado Penal de Garantias de Assunção, não aceitou essa tese e deu 10 dias para a promotoria investigar o caso e dar o parecer definitivo.
Durante a audiência deste sábado, os advogados que defendem Ronaldinho Gaúcho e Assis no Paraguai apresentaram um recurso que contesta essa decisão do juiz Mirko Valinotti, contrária à sugestão inicial do Ministério Público. A Procuradora-Geral do Estados, Sandra Quiñonez, determinou a substituição dos promotores do caso.
Ronaldinho e Assis tiveram os documentos retidos na última quinta-feira, um dia depois da chegada ao Paraguai para participar de eventos promocionais. O MP considerou que ambos “foram enganados em sua boa fé”. A promotoria decidiu usar o “critério de oportunidade”, recurso no Código Penal paraguaio que deixaria livre de processo Ronaldinho e seu irmão (e empresário). Ele é usado quando os suspeitos admitem o delito e não têm antecedentes criminais no país.
A audiência da última sexta-feira poderia ter resultado em uma pena de reparação social, mas a sugestão foi negada pelo juiz Mirko Valinotti.
Três pessoas já foram acusadas após as investigações iniciais: o empresário Wilmondes Sousa Lira, apontado pela defesa de Ronaldinho como responsável pelos documentos falsos, e as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero.
Wilmondes foi acusado por produção de documentos não autênticos, uso de documentos públicos de conteúdo falso e falsidade ideológica. Já María Isabel e Esperanza foram acusadas de uso de documentos públicos com conteúdo falso, e colocadas em prisão domiciliar.
Entenda o caso de Ronaldinho no Paraguai
Ronaldinho e Assis chegaram na manhã de quarta-feira em Assunção para participarem de evento da ONG Fundação Fraternidade Angelical. Ambos também foram ao país a convite do empresário Nelson Belotti, dono de um cassino que tem o ex-jogador como embaixador. Os passaportes no desembarque chamaram a atenção das autoridades.
Os dois passaram a ser suspeitos por uso de documentos falsos, mas apenas horas depois, à noite, membros do Ministério do Interior e do MP locais fizeram uma operação de busca.
Segundo o MP, passaportes, carteiras de identidade e telefones de R10 e Assis foram apreendidos no Yacht y Golf Club. Segundo o ministro do Interior Euclides Acevedo, os dois ficariam sob custódia no hotel até a manhã da última quinta-feira, quando foram prestar depoimento.