Com gripário e UPAs lotados, pacientes esperam atendimento deitados em bancos e no chão: ‘Se for para morrer, morre’

O domingo (12) e a madrugada desta segunda-feira (13) foram de longa espera para pacientes que procuraram unidades médicas de Salvador. Eles estavam com febre, tosse, dor de garganta e dores no corpo, que são sintomas tanto da Covid-19, quanto da Influenza. Muitos deles aguardavam assistência deitados em bancos e no chão.

Uma dessas pessoas era a autônoma Thaís Cardoso, que estava na Unidade Dedicada ao Atendimento das Síndromes Gripais dos Barris, único gripário em funcionamento na capital, atualmente.

“Estou com fbre, dor de cabeça, dor no peito, tossindo muito, dor no corpo. Eu peguei a senha 174, e só Deus é quem sabe a hora que eu vou ser atendida. Se for para morrer, morre”, desabafou ela.

Salvador registra o aumento dos casos de Influenza desde o mês de novembro. Por causa disso, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) emitiu um alerta, no dia 1º deste mês, para a necessidade de intensificação de ações de vigilância dos casos suspeitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Cerca de 200 pessoas foram atendidas só no domingo em uma das unidades. O movimento de chegada de ambulâncias para regulação também chamou a atenção. Sem estrutura para receber tantos pacientes, as pessoas precisaram aguardar deitadas em bancos e no chão, enquanto passavam mal.

“Estou no chão porque eu estou aqui desde 3h aguardando atendimento, e a forma de espera é um banco desconfortável, sem recosto. E como eu tenho fibromialgia e hérnia de disco, simplesmente minha coluna atacou, aí eu tive que me jogar aqui. Já tenho algumas horas aqui no chão, e estou aguardando os meus parentes virem para me tirar daqui, porque sozinha eu não consigo me levantar”, contou a dona de casa Eleonora Brito.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro do Pau Miúdo, os pacientes aguardaram por até oito horas, também com os sintomas gripais. A dona de casa Miramárcia Santos estava na unidade acompanhando o pai e se queixou da situação.

“Não está vendo que não tem condições de uma UPA atender tanta gente tossindo? Eu fui lá agora ver meu pai e está assim [muita gente] na sala de medicamentos. Não tem condições. Meu pai está lá esperando até 22h, para sair o resultado de um exame. Eu cheguei aqui era meio dia e meia. Ele só foi atendido depois que teve uma crise aqui dentro, que aí eu gritei, chamei todo mundo, aí apareceu médico, paramédico”, lembrou.

Foto: Reprodução Tv Bahia

Na UPA de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, os relatos também são de demora para conseguir atendimento médico.

“A UPA está cheia. A pessoa está chegando e está sendo maltratada, praticamente, entendeu? Chega lá, toma aquele molho de cadeira, e quando é atendido, toma uma injeção e manda para casa. Nem explicam o que está acontecendo”, queixou-se um homem, que não quis ser identificado. (Fonte: G1 Bahia)

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