Economistas analisam que queda da inflação pode reduzir pressão sobre Banco Central por juros

Entrevistados pela Jovem Pan News, especialistas avaliaram o momento atual da economia brasileira e como se deu a diminuição dos preços

A inflação tem caído nos últimos meses e deve encerrar o ano entorno de 5,7%. Na semana passada, o IBGE divulgou que o IPCA de setembro recuou 0,29%, que representou o terceiro mês seguido de deflação puxada pela queda no preço dos combustíveis.

Em entrevista à Jovem Pan News, o economista e chefe da Austin Rating, Alex Agostini, avaliou que a queda nos preços é conjuntural: “A gente sabe que ela é conjuntural porque foi motivada por alguns fatores. Primeiro a queda no preço dos combustíveis, que já vem acontecem desde julho com a mudança na regra do ICMS, que foi um movimento que o Governo Federal conseguiu antecipar. Porque já havia esse entendimento, junto ao STF, e aconteceria isso em 2024. O governo conseguiu antecipar e isso foi um benefício para toda a economia brasileira, pelo momento que passava. Mas também houve um momento em que aumentou o preço de alimentos por conta de um fator sazonal, o clima. O clima muito seco atrapalhou muito a produção de grãos, hortaliças, leguminosas e também do leite. Vale lembrar que há um mês atrás o leite foi o grande vilão da inflação. Agora, voltando à normalidade e tendo a regularidade da oferta, por conta do clima voltar à normalidade, os preços despencaram. Tanto que, em setembro, um grande destaque de queda foi o preço do leite”. O economista também destacou que a inflação no país deve se encaminhar para o centro da meta.

Para o doutor em economia e diretor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de São Paulo (Ibmec-SP), Reginaldo Nogueira, essa tendência deve dar mais tranquilidade ao Banco Central para manter a taxa básica de juros nos patamares atuais, em 13,75% ao ano: “O mercado espera, e todos os indicadores apontam para isso, que a essa inflação vai continuar a cair até dezembro. É esperado uma taxa entorno de 5,6% ou 5,7%. Alguma coisa não dentro da meta, não tão baixa. Mas a gente deve ter ainda uma queda nesse período. É esperado ainda que essa queda continue no próximo ano. A gente deve sair de uma inflação no entorno de 5,6% e 5,7% , para algo ao redor de 5%, ou abaixo disso, em 2023. Já em 2024, as expectativas nos colocam novamente em uma inflação entorno de 3%”. No entanto, Agostini ressaltou que os preços em outubro não devem seguir no mesmo patamar do mês passado.

“Provavelmente agora no mês de outubro nós vamos ter uma aceleração de novo nos preços. De forma moderada, algo entorno de 0,30%, essa é a projeção da Austin e a média de mercado é muito próxima disso. Devemos fechar o final do ano no entorno de 5% a 5,5%. Ou seja, houve um ganho da inflação muito positivo, isso tem que ser incorporado em relação às expectativas futuras para que o Banco Central vá observando e tomando decisões que possam onerar cada vez menos a economia brasileira”, destacou o economista da Austin Rating, que também ponderou que a criação de empregos no Brasil passa justamente por essa recuperação econômica e que o próximo Congresso Nacional terá que discutir a reforma tributária e a reforma administrativa. (JP)

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