Fuja deles! 6 modismos fitness perigosos ou sem comprovação científica

Cintas modeladoras, divulgadas por famosas, nem sempre são uma boa ideia Imagem: Reprodução/Instagram

O mundo fitness renova suas tendências constantemente. A cada ano, surgem novas modalidades, acessórios e técnicas que prometem melhorar os resultados dos treinos. Mas, além de nem todas as novidades serem eficientes, algumas podem ser perigosas e colocar em risco sua saúde. Abaixo, confira seis modismos para passar longe quando o assunto é atividade física:

1. Treino com eletroestimulação

Popular entre celebridades como Sabrina Sato e Fernanda Gentil, o método utiliza um colete e eletrodos espalhados pelo corpo, que dão choques. A técnica se baseia em um princípio verdadeiro: seu músculo sofre contração por meio de um potencial de ação (como levantar um peso) que acaba gerando uma descarga elétrica. Então, uma descarga elétrica externa (no caso, a eletroestimulação), também faria o músculo contrair, gerando os mesmos efeitos positivos. No entanto, especialistas da área de educação física apontam a falta de comprovação científica. “As evidências sólidas são apenas na área da reabilitação e trazer a técnica para o âmbito da atividade física sem maiores comprovações é imprudente”, aponta Eduardo Netto, diretor técnico da rede de academias Bodytech.

Além disso, de acordo com Paulo Gentil, mestre em educação física, doutor em ciência da saúde e professor na UFG (Universidade Federal de Goiás), a técnica pode ser ineficiente e até perigosa. “Muitas vezes a carga elétrica é fraca demais, o que em teoria não resultaria em nenhum efeito para o aluno. Por outro lado, se for muito forte, pode causar lesões: seu músculo tem mecanismos para se proteger caso o exercício prossiga até um limite nocivo. Então, pelo choque ser um agente externo, você perde a percepção de dor e fadiga e pode até sofrer uma lesão generalizada”, aponta.

2. Malhar com cinta modeladora

via GIPHY

Os benefícios atribuídos ao acessório são vários: cintura mais fina, abdômen durinho, menos gordura localizada e até a melhora da postura. Mas, de acordo com o cirurgião plástico Henrique Lopes Arantes*, membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), não existe estudo científico que comprove que o uso constante resulte permanente das medidas ou ao remodelamento da distribuição da gordura.

O médico explica, ainda, que apesar de os benefícios serem visíveis após a retirada da cinta, eles são apenas temporários, devido à compressão momentânea. Além disso, o acessório também pode atrapalhar a execução de exercícios durante o treino.

3. Usar vários agasalhos para queimar mais calorias

Esqueça a ideia de correr usando moletom mesmo em dias quentes. Diferentemente do que muitos pensam, suar excessivamente não significa que a gordura está magicamente saindo de seu corpo ou que várias calorias estão sendo queimadas.

A transpiração não tem qualquer relação com o gasto calórico: é apenas uma forma do organismo resfriar a temperatura corporal, mantendo-a em torno de 36 °C e evitando problemas de saúde.

A quantidade de suor vai depender de fatores como genética, sexo, intensidade da atividade física e até peso corporal –pessoas com mais gordura transpiram mais porque a o tecido adiposo funciona como isolante térmico — mas é sempre necessário repor os líquidos após o treino.

4. Treinos prontos sem acompanhamento profissional

via GIPHY

Não tem problema querer testar um treino divulgado por uma celebridade ou uma sequência promissora de exercícios para fortalecer as pernas, afinal, os treinos prontos seguem a mesma premissa das tão queridas aulas em grupo nas academias.

O perigo é realizar sem o acompanhamento de um profissional de educação física, especialmente se você não está acostumado a se exercitar. “O professor vai auxiliar você a corrigir a postura, orientar a execução do movimento e garantir que faça tudo da melhor forma possível, reduzindo as chances de lesões”, aponta a Meg Mendonça, professora da Cia Athletica Kansas e mestre pela USP (Universidade de São Paulo).

5. Programas de emagrecimento com promessas específicas

Emagrecer 10 kg em duas semanas? Seria uma solução incrível para quem sofre com sobrepeso, mas é impossível que o resultado seja igual para todas as pessoas. “Não existe o emagrecimento sustentável e saudável de maneira rápida, muito menos de maneira genérica, sem considerar as características pessoais de cada um”, explica Gentil.

“No campo da atividade física, os programas que não levam em consideração as características pessoais dos alunos podem levar a lesões sérias, e quanto à alimentação, dietas muito restritivas podem resultar em desnutrição”, conclui o especialista.

6. Uso de pílulas ou shakes mágicos

via GIPHY

Seja para ganhar músculos ou emagrecer, tenha em mente que não existem milagres, não será apenas um suplemento ou shake que vão transformar seu resultado. “Se você estiver usando ou considerando o uso de qualquer produto deste tipo, sugiro que você consulte um profissional de saúde de sua confiança ou um nutricionista para que o suplemento possa ser avaliado”, indica Eduardo Netto.

Também é recomendável desconfiar de qualquer promessa que pareça boa demais para ser verdade, com alegações exageradas ou irrealistas, inclusive de depoimentos pessoais sobre benefícios ou resultados incríveis.

Giulia Granchi / Do UOL Viva Bem, em São Paulo

google news