A menos de um ano das eleições presidenciais, candidatos e partidos negociam com potenciais vices a composição de chapas que aumentem suas chances de vitória. Para a opinião pública brasileira, porém, a percepção das duplas em formação é mais negativa do que positiva.
Para 48% da população, a avaliação de uma chapa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente e Geraldo Alckmin como vice é negativa. Já 35% avaliam positivamente uma candidatura com o petista e o ex-governador de São Paulo, que já anunciou que está de saída do PSDB e negocia sua filiação ao PSB.
Os dados são da mais recente pesquisa Exame/Ideia um projeto que une Exame e o Ideia, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A sondagem ouviu 1.200 pessoas entre os dias 6 a 9 de dezembro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
Para Maurício Moura, fundador do IDEIA, sobre a potencial chapa Lula-Alckmin, o saldo é mais negativo do que positivo e sendo mais forte a rejeição da dupla na região Sudeste — 53% avaliam negativamente a união do petista com o tucano. “Isso mostra que a junção com Lula afasta parte dos apoiadores do ex-governador Geraldo Alckmin. Ou seja, no âmbito estritamente eleitoral, quem perde mais é o tucano”, diz Moura.
Já no plano político, diz Moura, parece evidente o benefício de curto prazo dessa negociação. “Enquanto Lula sinaliza moderação, Alckmin ganha relevância nacional no debate político.”
Exame/Ideia testou dois potenciais vices para a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL). Com Hamilton Mourão como vice, 57% da população avalia negativamente a reedição da chapa que garantiu a vitória do presidente em 2018.
Já em uma união com a ministra Damares Alves, 58% avaliam negativamente a potencial chapa e 57% dizem que diminuiriam as chances de votar no presidente. A chapa Bolsonaro-Damares foi a mais rejeitada pela opinião pública na pesquisa.
Em relação à chapa Sergio Moro (Podemos) como presidente e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa na vaga de vice, a percepção de 46% sobre a dupla é negativa, frente à 24% que avaliam positivamente essa opção.
Já quando os nomes apresentados são os do governador de São Paulo, João Doria, como cabeça de chapa, e o de Moro como vice, a rejeição é de 43%, frente à 12% que apoiam a composição — a menor percepção positiva. Na quarta-feira, 8, os dois pré-candidatos se encontraram em São Paulo na casa da deputada federal Renata Abreu, presidente nacional do Podemos, partido ao qual o ex-juiz se filiou no início de novembro.
“As diversas simulações de candidatos e respectivos vice-candidatos nos mostram que o saldo é mais neutro e negativo do que positivo em relação a essas potenciais chapas. Esses dados corroboram uma máxima de ciência eleitoral de que o vice funciona mais quando ajuda a não perder votos do que propriamente a conquistar eleitores”, diz Moura.
‘Não vota de jeito nenhum’
Prestes a encerrar o terceiro ano de mandato e às vésperas da campanha para a reeleição, a rejeição da população ao presidente Bolsonaro aumentou: 48% declaram que não votariam no atual presidente de jeito nenhum, o que representa um aumento de quatro pontos percentuais em relação à última pesquisa, de 12 de novembro.
A rejeição ao ex-presidente Lula também subiu: de 37% em novembro para 40% em dezembro. Já 22% dos entrevistados dizem que não votariam de jeito nenhum Doria, que vem seguido de Moro, com 21%, e de Ciro, com 20%.
Por Fabiane Stefano / Exame