Governo perde prazo para desapropriações de áreas para ponte Salvador-Itaparica

Foto: Divulgação

Ainda no papel 

A obra da ponte Salvador-Itaparica parou antes mesmo de começar. O governo do estado perdeu o prazo de dois decretos de desapropriação de áreas no Comércio, que caducaram no final de outubro, e, com isso, as intervenções não podem ser iniciadas. Os decretos, que foram editados em 2016, venciam em cinco anos. As áreas seriam utilizadas para a construção dos pilares da cabeceira da ponte e dos viadutos que farão conexão com a rede viária de Salvador. Com isso, o governo da Bahia só poderá retomar os trâmites da desapropriação em outubro de 2022. Agora, resta saber qual o malabarismo que o governo vai fazer para explicar isso à população após tanta promessa em torno da ponte. Pelo visto, o início ou não da obra ficará a cargo do próximo governador. 

Desgosto nível hard 

O bicho está pegando nas hostes governistas da Bahia. O senador Otto Alencar (PSD) tem destilado insatisfação para todo lado, principalmente em conversas com seus aliados mais próximos. A reação de Otto e do filho, o deputado federal Otto Alencar Filho, não foi apenas pelo ataque do governador Rui Costa (PT), que chamou os próprios aliados de traíras por votarem a favor da PEC dos Precatórios. O aborrecimento, garantem pessoas próximas ao senador, é muito mais profunda. 

Gestação avançada 

A possibilidade de dar o comando do Palácio de Ondina ao vice-governador João Leão (PP) por nove meses está ganhando corpo para valer. O senador Jaques Wagner e o ex-presidente Lula estão totalmente dispostos a bancar isso, segundo confidenciaram fontes ligadas à dupla com trânsito em Brasília. Quem não gosta nada da ideia é Otto, que não vê com bons olhos a ida de Leão para o comando do governo.  

O imbróglio 

Neste cenário, o governador Rui Costa, que precisaria renunciar em abril para que Leão assuma, até aceitaria o acordo, mas desde que seja candidato ao Senado. E é neste ponto que a coisa embola. Lula quer que Rui seja candidato a deputado federal para preservar Otto, que deseja disputar a reeleição. Mas o governador não aceita e só pensa no Senado. Enquanto isso, Otto tem falado cobras e lagartos do PT em Brasília.  

Leão emparedado 

Uma corrente no PP intensificou a pressão para que o vice-governador João Leão seja candidato a governador, caso não assuma o Palácio de Ondina. O temor do grupo é que o partido, além de não manter as cadeiras que já tem hoje no Congresso e na Assembleia Legislativa, corre o sério risco de perder lugares nas duas Casas legislativas (ALBA). O grupo diz que Leão é hoje “uma das maiores vítimas do governo”. Em conversa com Leão, um parlamentar até sentenciou ao vice: “só fico no partido se você for candidato a governador”. E aí, Bonitão?  

Inimigo mortal 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), ligou para o governador Rui Costa (PT) durante a votação da PEC dos Precatórios para que ele liberasse os votos dos parlamentares Paulo Magalhães (PSD) e Pastor Sargento Isidorio (Avante), para que votassem com o governo Bolsonaro a favor da matéria. Rui disse que de jeito nenhum e ganhou um inimigo. O que se diz é que Lira vai fazer de tudo para inviabilizar a aliança do PP, de Leão, com o PT na Bahia. 

Águas de março 

No movimento de prefeitos essa semana em Brasília, que foram à capital federal acompanhar a votação da PEC dos Precatórios, circularam algumas pesquisas realizadas em diferentes municípios baianos. Dada a ampla liderança de ACM Neto, o comentário geral era: “as águas de março vão trazer muito mais que chuvas na Bahia”. Já tem muita gente com o alerta ligado.  

Pulga atrás da orelha 

Tem causado estranheza a posição colérica do governador Rui Costa (PT) em relação ao Carnaval. Embora pregue que a questão é de saúde, Rui não apresenta protocolos ou requisitos para que a festa seja realizada. Isso só aumenta a convicção, na classe empresarial e política, de que o governador quer mesmo enfraquecer o Carnaval e fazer um São João mais robusto, conforme publicou a coluna na semana passada.  

Coerência epidemiológica 

Também tem provocado estranhamento os protocolos em relação aos eventos. Nos eventos de futebol, há uma flexibilidade muito maior do que as demais atividades. A Fonte Nova, por exemplo, pode ter público de cerca de 35 mil pessoas vacinadas ( 70% da capacidade), enquanto em outros locais a liberação é de até 3 mil. Nos meios empresarial e político, há uma crítica de que as pessoas podem lotar um estádio, mas não podem assistir a um show. Estes questionamentos, dizem eles, precisam ser respondidos por quem faz os protocolos.  

Evento minguado 

A relação de Rui com os prefeitos é tão ruim que o governador promoveu um evento no Extremo Sul e mandou convidar todos os 13 gestores municipais da região. Resultado: com muita insistência, conseguiu levar apenas seis. Os mandatários das cinco maiores cidades não foram. A conversa foi que Rui repetiu a promessa de construir um hospital regional, que vem sendo requentada há 15 anos e nunca saiu do papel. A paciência parece ter acabado. (Correios)

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