Mais de 200 mil pessoas voltam a protestar contra a reforma judicial em Israel

Estimativas citadas pela imprensa local indicam que mais de 170 mil pessoas se reuniram na cidade de Tel Aviv, epicentro dos protestos dos últimos sete meses

Foto: EFE/EPA/ABIR SULTAN

Mais de 200 mil pessoas se manifestaram, neste sábado (29), em diferentes partes de Israel contra a reforma judicial promovida pelo governo do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, dias depois que o Parlamento aprovou uma lei fundamental que limita o poder da Suprema Corte, que desencadeou uma onda de protestos em massa.

Estimativas citadas pela imprensa local indicam que mais de 170 mil pessoas se reuniram na cidade de Tel Aviv, epicentro dos protestos dos últimos sete meses.

Além disso, dezenas de milhares foram às ruas de outras cidades do país, incluindo grandes concentrações nas cidades de Haifa, no norte, e Kfar Saba, no centro.

Os protestos de hoje marcam o 30º sábado consecutivo de manifestações e acontecem logo após uma importante votação no Parlamento, que no dia último dia 24 aprovou uma lei que anula a doutrina da razoabilidade, que permitia ao Supremo rever e revogar decisões do governo conforme fossem eram razoáveis ​​ou não.

A aprovação dessa lei marcou a primeira grande conquista do governo Netanyahu no quadro de uma reforma que busca conferir maior poder ao governo em detrimento do poder judiciário, cuja independência ficaria profundamente prejudicada.

“Estamos encerrando uma semana impactante onde todas as máscaras finalmente foram removidas”, disse hoje durante as manifestações em Tel Aviv uma das líderes do protesto, Shikma Bressler, que acusou a coalizão de governo, a mais de direita da história do país, de se submeter à vontade dos partidos extremistas que o compõem.

Bressler questionou declarações feitas nos últimos dias por membros do governo, incluindo Netanyahu, que pediu diálogo e negociação com a oposição os projetos de reforma que ainda não foram aprovados, e afirmou que “não se pode falar em unidade segundos depois de passar a maioria do povo”, em alusão à decisão do Governo de votar a lei aprovada no dia 24 apesar dos protestos contra ela.

Imediatamente após a votação, diferentes organizações recorreram ao Supremo, que convocou uma audiência para o mês de setembro para analisar a polêmica lei.

Uma das organizações que recorreu ao Tribunal foi o Movimento para o Governo de Qualidade em Israel, que argumentou que se trata de “uma lei inconstitucional porque muda fundamentalmente a estrutura básica da democracia parlamentar israelense e a natureza do regime”.

O grupo também denunciou que, na prática, a lei “revoga o poder judiciário e prejudica gravemente o delicado tecido da separação de poderes e do sistema de contrapesos no Estado de Israel” e “dá poderes ilimitados ao Poder Executivo”. (Gazeta)

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