Michelle e Tarcísio despontam como possíveis substitutos de Bolsonaro

Bolsonaristas baianos contestam decisão do TSE, mas já avaliam possíveis substitutos para 2026

Com a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a sua consequente inelegibilidade, bolsonaristas de todo o Brasil já se mobilizam para preparar um substituto, visando as eleições de 2026, que represente o pensamento conservador que se consolidou no país nos últimos 10 anos.

Diversos nomes ligados a Bolsonaro estão sendo ventilados, como os da senadora Tereza Cristina (PP-MS), da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais.

Na Bahia, porém, dois desses quadros despontam como mais favoritos que os outros. Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas foram os nomes citados espontaneamente pelos bolsonaristas consultados pelo portal A TARDE.

O deputado estadual Diego Castro (PL) se mostrou relutante em aceitar a inelegibilidade de Bolsonaro e afirmou que a direita brasileira deve trabalhar para reverter a decisão. Porém, no fim, ele acabou admitindo que, não havendo possibilidade, dois nomes se destacam como possíveis substitutos.

“Eu, até o momento, não trabalho com um plano B. A gente vai trabalhar, usar todas as vias possíveis para reverter essa injusta condenação do presidente. Mas, se eu tiver que falar de alguma figura hoje, que esteja no páreo para uma possível substituição lá na frente, os nomes mais fortes hoje que aparecem são o da Michelle e do próprio Tarcísio”, afirmou Diego Castro.

Seu colega de Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o também deputado estadual Leandro de Jesus (PL) foi ainda mais incisivo ao citar quem ele vê em uma provável candidatura substitutiva de Bolsonaro em 2026, citando a ex-primeira-dama Michelle.

“Um dos nomes que eu vejo com potencial enorme para isso é o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que, sem sombra de dúvidas, é o nome favorito para essa grande missão. Ela demonstrou uma capacidade política muito forte. É uma mulher aguerrida, cristã e que tem um espírito voltado para ajudar os mais necessitados, os mais vulneráveis, com o trabalho excepcional que ela fez enquanto primeira-dama do Brasil”, opinou Leandro.

Questionado sobre a possibilidade do nome escolhido ser o de Tarcísio de Freitas, Leandro de Jesus não hesitou em elogiar o atual governador de São Paulo, que atuou como ministro da Infraestrutura durante o governo de Bolsonaro.

“Vejo também como um grande nome que também representaria o que queremos para o Brasil. Foi um grande ministro no governo Bolsonaro e hoje já demonstra que um grande gestor à frente do governo do estado de São Paulo”, respondeu o parlamentar baiano.

Na avaliação de Diego de Castro, é possível reverter a decisão. Bolsonaro ainda pode recorrer tanto ao TSE quanto ao STF (Supremo Tribunal Federal), para tentar retomar a sua elegibilidade. Porém, enquanto nenhuma decisão for tomada em contrário, o ex-presidente segue sem possibilidade de disputa eleitoral.

Nas palavras de Leandro de Jesus, a “decisão absurda” do TSE não enfraquece o potencial político-eleitoral da direita no Brasil, que segue tendo em Bolsonaro o seu principal líder.

“A direita não enfraquece. Nós temos um espírito e sabemos enfrentar as adversidades. Nosso Jair Messias Bolsonaro, embora inelegível, continua sendo o nosso líder e nos ajudará na continuidade do processo, nos caminhos que queremos para 2024 e 2026, inclusive com um nome que virá como candidato ou candidata em 2026, com o apoio do nosso presidente e de toda a direita do Brasil”, disse Leandro.

PLANO DE CONTINGÊNCIA

Na avaliação do cientista político baiano Cláudio André, professor da Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) e colunista de A TARDE, é Michelle Bolsonaro quem aparece como o plano emergencial de contingência, no contexto de inelegibilidade do ex-presidente.

Michelle cumpriria todos os requisitos necessários para ser a candidata do bolsonarismo, já que é do núcleo familiar de Bolsonaro e possui toda a confiança do líder político, em uma relação que acaba sendo transferida de alguma forma para o fiel eleitorado.

“Diante do perfil do eleitorado bolsonarista, quem tem mais chances de continuar dialogando com esse espectro ideológico do nosso eleitorado é o próprio bolsonarismo, que pode, daqui até lá, oferecer uma alternativa caseira — a própria família ou algum membro muito ligado e de confiança de Bolsonaro — para representar o projeto em 2026”, disse Cláudio André.

“Do ponto de vista mais imediato, talvez Michelle seja o principal plano que eles tenham para 2026. Tornar Michelle com muita popularidade, fazer com que ela se azeite com a máquina partidária, que ela dialogue com os parlamentares do PL. Ela é o plano imediato, o plano de contingência do bolsonarismo”, apontou o cientista político.

Cláudio André, porém, avalia que ainda está cedo para uma definição e que, até 2026, muita coisa pode mudar no cenário, não apenas entre os direitistas, mas também na esquerda, hoje liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Obviamente, o sucesso eleitoral de Lula e as dificuldades que podem surgir no caminho do bolsonarismo envolvem a relação com os processos judiciais, mas sobretudo o que será do governo Lula, no ponto de vista dos resultados, populares e desempenho da economia. Então eu vejo que ainda tem todo um caminho ainda a ser observado nos próximos dois anos”, concluiu o professor da Unilab.(Atarde)

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