Mulheres revelam ameaças ao denunciarem importunação sexual no carnaval de Salvador: ‘Meu braço ficou marcado’

Foto: Reprodução/TV Bahia

“Ele pegou a arma de água e colocou contra as minhas partes íntimas e eu não tive reação”, revela uma jovem que foi vítima de importunação sexual por parte de um folião do bloco de travestidos As Muquiranas, durante o carnaval de Salvador em 2020.

Ela denunciou o caso ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). A vítima, que preferiu não se identificar, ainda revelou que após a denúncia, foi ameaçada por foliões do bloco.

Importunação sexual é crime e a pena pode variar entre um e cinco anos de prisão. No carnaval de 2019, a Secretaria de Segurança Pública registrou sete casos durante a folia. Este ano, nos seis dias da festa, foram nove, um crescimento de 30%.

A jovem é de Salvador, disse já conhecer a festa, mas revelou jamais ter passado por um caso semelhante durante o carnaval da capital baiana. “Eu vi algo que nunca tinha visto. Eles estavam escancarando, eles não estavam com medo. Eu fiquei tão chocada com aquilo, que eu não tive como reagir”, diz.

A outra vítima, que também fez a denúncia no MP-BA e prefere não se identificar, reforçou que os foliões do bloco atuavam sem medo e apertaram o braço dela na noite do último oficial da festa, na terça-feira (25).

“No meio do caminho começaram a me abordar, me puxar a força, querendo me beijar. Quanto mais eu dizia não, mais eles insistiam. Eles não sabem ouvir não. Não têm respeito. Meu braço ficou marcado de tanto eles puxarem”, conta a outra jovem que também prefere não se identificar.

Por meio de nota, o bloco As Muquiranas lamentou o ocorrido e prometeu tomar medidas ao longo do ano a fim de conscientizar os foliões e evitar situações semelhantes.

Neste ano, o bloco firmou parceria com o MP-BA, na intenção de combater a homofobia, o racismo e o assédio contra mulheres. Entretanto durante os dias de folia, o próprio órgão recebeu denúncias contra os integrantes do bloco.

As jovens revelaram que foram ameaçadas e xingadas através das redes sociais ao publicarem o caso por meio da internet. Em uma das mensagens, além dos xingamentos, estava escrito: “Não mexe com as Muquiranas, não, viu?”

O Ministério Público disse que já recebeu as denúncias, vai investigá-las mas, por enquanto, não vai falar sobre o caso. O carnaval de 2020 foi o primeiro em que uma promotora de Justiça subiu ao trio das Muquiranas para acompanhar o cumprimento das recomendações do órgão estadual ao bloco. (G1)

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