Presidente do STF, Rosa Weber vota contra “marco temporal quilombola” na Bahia

A ministra do Supremo também aproveitou o momento para fazer um apelo ao governo da Bahia, para que haja um reforço na segurança de comunidades tradicionais

Foto: Nelson Jr./SCO/STF

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, votou contra a imposição de um “marco temporal quilombola” na Bahia, que prevê uma regularização fundiária dos territórios de comunidades tradicionais de fundo e fecho de pasto, situadas nas regiões do Cerrado e da Caatinga.

Ao justificar seu voto, registrado nesta quarta-feira (6), Rosa Weber afirmou que é inconstitucional a lei de 2013, que fixa o prazo de até cinco anos para a regularização fundiária destes territórios no semiárido baiano. A medida chegou à Corte após ser contestada, em 2017, pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Negar a garantia às terras tradicionalmente ocupadas é negar a própria identidade. É condenar o grupo culturalmente diferenciado, centrado na particular relação com o local que estrutura suas formas de criar, fazer e viver, ao desaparecimento. Impor-lhe a assimilação à sociedade circulante e violar a dignidade da pessoa humana em sua expressão comunitária com a anulação ao cultural e até mesmo física da comunidade”, defendeu a ministra.

Apelo à Bahia

A presidente do STF também aproveitou o momento para fazer um apelo pelo reforço na segurança de comunidades tradicionais, alvos de diversos ataques em razão de disputas fundiárias. “Faço um apelo ao estado da Bahia, instando a adotar todas as medidas necessárias para que essas comunidades possam usufruir de seus direitos patrimoniais e mantenham a integridade física de seus membros”, concluiu.

Rosa Weber foi uma das personalidades que lamentou a morte da líder quilombola e ialorixá baiana, Mãe Bernadete, assassinada dentro de sua própria casa, situada no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, no dia 17 de agosto. (Metro1)

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