Secretário e ConCidades apontam: “o parecer não foi para o Atakarejo não vir para SAJ, o parecer foi porque ele não pode ser implantado naquela área do Centro”

O secretário de Infraestrutura de SAJ André Gomes e o vice-presidente do ConCidades, Dr. Leonel Reis / Foto: Montagem: Voz da Bahia

O secretário de infraestrutura da cidade de Santo Antônio de Jesus, André Gomes Souza de Araújo, explicou na manhã desta segunda-feira (15) em entrevista ao Voz da Bahia os impedimentos sobre a implantação do Atakadão Atakarejo na cidade. Nesta matéria, André ainda rebateu às críticas do ex-prefeito Rogério Andrade (PSD) (reveja aqui) quando apontou o parecer negando a vinda do Atakarejo também pela sua gestão assinado pela sua ex-secretária de Infraestrutura Sônia Fontes em 04 de agosto de 2020 [VER DOCUMENTO ABAIXO]

PARECER DA IMPLANTAÇÃO NO CENTRO DA CIDADE:

Na sua fala, o secretário disse o seu parecer e deixou claro que não é contra a vinda do empreendimento para Santo Antônio de Jesus, mas não há como implantar sua estrutura no Centro da cidade, “eu não dei o parecer para o Atakarejo não vir para Santo Antônio de Jesus, o parecer foi porque ele não pode ser implantado naquela área, que seria o Centro da cidade. Momento algum a prefeitura está contra a vinda do Atakarejo, ao contrário, existe diversas áreas que são afastadas, como por exemplo, onde está o Atacadão, e outros locais. Nós sabemos que geração de emprego e renda é ótimo para a cidade, a gente arrecada. Temos que deixar isso claro, existe impacto de vizinhança no Centro, uma série de itens que pode causar impactos maiores”, falou.

INGERÊNCIA POLÍTICA?

Sobre a possiblidade de alguma ingerência política ou comercial contrária a vinda do Atakarejo na cidade, o secretário André afirma que isso não existe, “Genival disse que quer trazer mais comércio e indústria para Santo Antônio de Jesus, como te falei, eu conversei com os próprios diretores do Atakarejo na época, nem havia dado o parecer ainda, mas já sabia que tinha sido indeferido pelo ConCidades, me baseio em estudos também, não só na lei. A empresa tem como recorrer ao Estudo de Impactos e Vizinhanças. Quero enfatizar que não houve nenhuma intromissão para a não vinda do Atakarejo, foi uma decisão puramente técnica”, alegou.

IMPACTOS NA CIDADE:

André elencou ao Voz da Bahia os impactos que a cidade sofreria caso o empreendimento fosse instalado no Centro de Santo Antônio de Jesus: “o primeiro item impactado é o trânsito. O trânsito de Santo Antônio de Jesus hoje é caótico em determinado horário, imagine uma caixa de rua de 7 metros que não tem uma via alternativa em uma via marginal. Esses mercados precisam de uma via para descarregar seus caminhões. Além disto, no parecer diz que não tem viabilidade da Coelba, não tem sistema de drenagem, nas proximidades tem um Hospital Unimed que fica muito próximo ao ponto de carga e descarga. O local que seria colocado é um condomínio onde dois lotes seriam retirados para que tivesse acesso ao mercado e isso não pode. As pessoas questionam: ‘mas ali não tem a Codical e outros mercados?’, mas foi em outra época e hoje temos que seguir as leis. Temos que ter também licença ambiental. Não estamos inviabilizando a entrada do Atakarejo na cidade, ele pode vir desde quando que seja em outra área. A tendência de Santo Antônio de Jesus é crescer, imagine quando a ponte para Salvador-Itaparica chegar? imagine se o Atakarejo estiver ali?”, questionou.

EX-SECRETÁRIA SÔNIA FONTES DA GESTÃO PASSADA DEU O MESMO PARECER:

O secretário falou também que anexou em seu parecer, o oficio do ConCidade (Conselho das Cidades) que inclusive, também tem a assinatura da ex-secretária Sónia Fontes sobre o indeferimento do mercado no Centro, “dentro do meu parecer, tem também o parecer do ConCidade que também tinha indeferido e dentro dele tem um documento chamado AOP (Analise de Orientação Prévia), dado pela ex-secretária Sônia Fontes. Ele foi assinado na data do dia 4 de agosto de 2020, que ela mesmo, junto com o grupo da prefeitura indefere o mercado para essa área. O documento foi da gestão passada, mas a atual pensa da mesma forma. Não tem como ter um mercado ali. Vai ser muito incômodo para quem não mora na vizinhança, mas pense nos impactos de quem vive ali? Os moradores da região estão se manifestando para ir ao MP (Ministério Público) negar essa área. Esse parecer não foi feito sem critério, mas sim com noção técnica e jurídica. Mas nós estamos abertos a conversar sobre qualquer área que não seja o Centro de Santo Antônio de Jesus”, expôs.

O PARECER DO CONCIDADES:

André ao Voz da Bahia ilustrou o parecer do Conselho das Cidades: “o ConCidade se apegou muito às questões de trânsito no local, porque é uma região estreita, uma caixa de rua de sete metros, sendo que tinha que ter de dez a quatorze. Tinha que ter uma via alternativa e drenagem. Na época o Dr. Leonel Reis estava no ConCidade pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), ele já tinha indeferido, ele pegou o parecer dele e encaminhou para Secretaria de Infraestrutura naquele tempo”.

EMPREGOS:

O ex-prefeito Rogério Andrade publicou em suas redes sociais que seria lamentável Santo Antônio de Jesus perder cerca de 800 oportunidades de emprego devido a não implantação do Atakarejo na cidade (veja). Sobre o assunto, o secretário André falou que o número de empregos é mera especulação, “é especulação aquela quantidade de empregos. Pelo o que a gente sabe, aproximadamente 200 à 300 empregos são diretos. Se desse valor chegar a 800 indiretos eu acho muito. Mas qualquer emprego é importante e gera renda. A gente está aberto a qualquer negociação com o Atakarejo em qualquer área fora do centro da cidade”, ressaltou.

DR. LEONEL REIS:

Sobre o caso, o representante do ConCidade, Dr. Leonel Reis, ao Voz da Bahia afirmou que enquanto estava no cargo de vice-presidente do ConCidade, o processo foi indeferido pelo conselho, “em nenhum momento houve uma autorização do ConCidade para implantação do supermercado Atakarejo em Santo Antônio de Jesus. Ele foi indeferido desde a primeira vez que foi apresentado e houve uma única análise. Nós indeferimos o processo que havia sido devolvido a secretaria de infraestrutura do município. Esse parecer do ConCidade está datado até o dia primeiro de janeiro de 2021. Até essa data eu estava representando o conselho de engenharia, o CREA. Eu faço parte ainda do ConCidade. Esse parecer na verdade não tem nada haver com o CREA, o ofício é do ConCidade. o senhor Canuto agora é o novo inspetor do CREA e vice-presidente do ConCidade”, concluiu.

Confira os documentos abaixo:

VEJA DOCUMENTO ABAIXO ASSINADO PELA EX-SECRETÁRIA SÔNIA FONTES:

Print do documento assinado pela ex-secretária Sônia Fontes

Reportagem: Voz da Bahia

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