Mauro Cid relatou à PF pagamento de Braga Netto aos “Kids Pretos” em sacola de vinho

Investigado como mentor das ações golpistas, ex-ministro é acusado de coordenar atividades criminosas e planejar ataque contra o ministro Alexandre de Moraes

Foto: Marcos Corrêa/PR

O general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, foi preso neste sábado (14) no Rio de Janeiro, acusado de envolvimento na tentativa de golpe de Estado.

A detenção ocorreu em sua residência, em Copacabana, e foi realizada pela Polícia Federal (PF) no âmbito de um inquérito que apura a articulação de ações para derrubar o governo democraticamente eleito.

Conforme revelações da colaboração premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Braga Netto teria financiado operações ilícitas relacionadas ao caso. De acordo com as investigações, o general entregou dinheiro em uma sacola de vinho a militares conhecidos como “kids pretos”, grupo que teria participação ativa nas atividades golpistas.

O mentor do golpe

A PF descreve Braga Netto como “a cabeça” e principal articulador das ações criminosas, ainda que subordinado a Jair Bolsonaro. Ele teria comandado operações executadas por militares com formação em Forças Especiais, além de tentar interferir nas investigações em curso.

Segundo os investigadores, o general procurou obter informações sobre o acordo de colaboração de Mauro Cid e buscou alinhar depoimentos entre os envolvidos para manipular a narrativa dos fatos.

Entre as acusações mais graves, Braga Netto é apontado como responsável por coordenar uma tentativa de prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O plano, que incluía medidas extremas contra a democracia, teria sido parte central da estratégia para reverter os resultados das eleições de 2022.

Custódia e próximos passos

Após a prisão, Braga Netto foi transferido para a custódia do Exército e segue à disposição da Justiça. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

O general enfrenta acusações de coordenação de atos contra o Estado Democrático de Direito, financiamento de atividades ilícitas e tentativa de obstrução de justiça.

As investigações continuam em andamento, e novos desdobramentos são esperados. A prisão de Braga Netto representa um avanço significativo no esclarecimento dos fatos e no enfrentamento de ameaças à democracia brasileira.

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