Pesquisa: 61% dos baianos querem adiamento das eleições

Foto: José Cruz/Agência Brasil

A maioria dos baianos defende que as eleições municipais deste ano sejam adiadas de outubro para novembro ou dezembro por causa da pandemia do novo coronavírus. Sessenta e um por cento dos eleitores do estado acham que a data do pleito deve ser postergada, contra 20% que acreditam que ela precisa ser mantida. Em Salvador, os índices são parecidos: 59% dos soteropolitanos querem o adiamento, enquanto 16% dizem que as eleições devem acontecer mesmo em 4 de outubro.

Os números são da terceira rodada da pesquisa A TARDE/DataPoder360, parceria entre o grupo e o jornal digital Poder360, com patrocínio da Associação Comercial da Bahia (ACB). O levantamento ouviu 2.500 pessoas em 200 municípios baianos, entre os dias 11 e 13 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança, de 95%. Em Salvador, a pesquisa entrevistou 800 pessoas. Na capital baiana, a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais; o intervalo de confiança, de 95%.

O adiamento do pleito começou a ser pauta no meio político e na Justiça Eleitoral devido ao avanço da pandemia no País. Como o dia de votação gera filas nas seções eleitorais, o temor de que as aglomerações causem a proliferação da doença suscitou questionamentos sobre se a eleição poderia ocorrer mesmo em outubro.

Além de uma nova data, outra solução cogitada é a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos até 2022. Assim, seria realizado um pleito único para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores.

A pesquisa também mediu a receptividade dos entrevistados a esta proposta. Para 15% dos eleitores baianos, o pleito deveria ser cancelado e os atuais prefeitos deveriam continuar nos cargos; 4% não souberam responder. Já em Salvador, 20% concordam com a medida; 5% não souberam responder.

A manutenção das eleições em outubro tem maior adesão entre homens (31%), pessoas entre 45 e 59 anos (23%), com renda média acima de 10 salários mínimos (31%) e não escolarizados (62%). O adiamento para novembro ou dezembro é mais aceito entre mulheres (71%), idosos (70%), pessoas com ensino superior (66%) e quem tem renda entre 5 e 10 salários mínimos (71%).

Já a ideia de cancelamento do pleito eleitoral e continuidade dos mandatos dos atuais prefeitos tem maior apoio nas mulheres (5%), pessoas com idades entre 25 e 44 anos e 45 e 59 anos (17%, ambas as faixas etárias), quem possui até o ensino médio (16%) e com renda acima dos 10 mínimos (31%).

Indefinição

Presidente do Tribunal Regional da Bahia (TRE-BA), o desembargador Jatahy Fonseca Jr. é otimista quanto à possibilidade de manter o calendário eleitoral, mas admite poder haver adiamento, caso a pandemia não esteja controlada até outubro. Ele corrobora a opinião do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, de que o fim de junho é o prazo ideal para definir se a eleição 2020 terá nova data.

Jatahy é, no entanto, contra a prorrogação dos mandatos atuais. “Isso seria um acinte à democracia, ao nosso país. Só se exerce mandato legitimamente eleito nas urnas”, afirma o presidente do TRE-BA, em entrevista ao A TARDE.

Para postergar as eleições, é preciso que o Congresso Nacional aprove uma emenda à Constituição, já que as datas dos pleitos são determinadas pela nossa Carta Magna. Ainda segundo a avaliação de Jatahy, a prorrogação precisaria ser de, no máximo, 60 dias.

Impactos

Para a professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e cientista política Carla Galvão, quem mais deve sofrer com os efeitos da Covid-19 são os candidatos a vereador. Ela explica que a base eleitoral é uma das questões que mais influenciam na eleição de alguém.

Como a campanha corpo a corpo deve ficar restrita, os postulantes ao Legislativo, que têm suas bases concentradas nos bairros, dificilmente conseguirão dar a elas atenção de forma presencial. “Não está tendo corpo a corpo. Não tendo isso, influencia diretamente nas bases”, avalia.

Ainda segundo Carla, principalmente para quem vai concorrer à reeleição no Executivo, o sucesso nas políticas de combate ao coronavírus terão alta influência no eleitorado.

“Principalmente para o Executivo, a maior influência para as eleições, adiando ou não adiando o pleito, seria a gestão da crise, como essas pessoas, sendo vereadores ou candidatos a prefeito, lidaram com o governo federal e estadual e com a questão das medidas contra a pandemia”, aponta a professora da Ufba. (A Tarde)

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